28.11.08

Juventude, a luta nos espera!

Juventude, a luta nos espera!

“Aos que degradam a democracia, fazendo da juventude apenas eleitores, e se apegam ao princípio da Ordem de Direito. Aos que pensam fabricar o futuro deste jeito, enquanto se divertem nos escombros da paciência, saberão pela desobediência, o que é da história ser sujeito.”
Ademar Bogo


Primeiramente, o que é juventude? É uma determinada faixa etária imóvel? Ou é simplesmente um estado espírito? Essas caracterizações não são suficientes para definir esse fenômeno social. Portanto, a juventude pode ser vista como uma fase da vida, mais ou menos determinada, em que o ser humano se encontra em processo de formação e construção de perspectivas de estabilidade para a sua vida. É um momento de grandes expectativas e apreensão em relação ao futuro, regado normalmente por uma postura inquieta e irreverente (Denizar, 1993).

Assim, é neste espaço da vida onde se manifestam, com maior intensidade, os problemas existenciais do ser humano, visto que é neste período que as pessoas realizam as grandes escolhas de suas vidas. Devido a essa problemática sócio-existencial, a juventude torna-se um constante pedido de respostas, que coloca em xeque as estruturas da sociedade, independentemente de seus matizes ideológicos. É por isso que a juventude reveste-se de irreverência e rebeldia (Denizar, 1993).

Apesar dos muitos preconceitos, da visão negativa, onde o jovem é réu, é risco, dizem de boca cheia que os jovens são o futuro do país. Porém me pergunto, com nossa juventude vendada, engessada e manipulada pelo sistema, que futuro nos espera? Com certeza não é o futuro que humanidade precisa para sobreviver com dignidade, mas sim um futuro que poucos nos impõem, futuro da desigualdade, da concentração, do latifúndio, do individualismo, da mesquinhez, da exploração, da escravidão, da fome, da destruição ambiental, da guerra, da barbárie? É esse o futuro que o atual mundo capitalista nos proporcionará, nada muito diferente do que nós temos hoje, porém muito mais selvagem e desumano.

É preciso enxergar o mundo com um olhar mais crítico, é preciso se perguntar por que estamos nessa situação calamitosa. Por quê? Necessitamos conhecer a verdadeira história do nosso país e do mundo, e não a história de contos de fadas dos vestibulares. É preciso olhar para nossas crianças de rua com um olhar mais revoltoso, de indignação, e parar com essa mania de pensar que está tudo normal, que é só mais uma criança que cheira cola ou mais um simples mendigo. Não! Ali é um ser humano que passa fome, sede, frio, que não teve acesso à educação, saúde de boa qualidade, é um homem, uma mulher totalmente excluído da sociedade pelo sistema violento que vivemos, onde o lema é “salve-se quem puder (tiver $$)”. Precisamos nos sensibilizar e começar a sentir na nossa pele as “tapas” no rosto que qualquer ser humano levar.

Precisamos dizer não, dizer chega! O mundo está de cabeça para baixo, nossos recursos naturais se exaurindo incontrolavelmente, o ser humano a cada dia que passa é menos humano e mais maquina que vende seu tempo, trabalho, sua vida para sustentar a ambição dos “poderosos”, e quando é que vamos perceber isso? Até quando a juventude vai aceitar essas migalhas que nos são oferecidas pelos nossos governantes, nossos patrões? Até quando iremos aceitar isso de braços cruzados? A Juventude é inquietação, é mobilização e transformação. Temos que assumir essa tarefa.

O povo brasileiro suplica nossa ajuda, nosso espírito de mudança, de rebeldia, da irreverência juvenil, e não é com palavras que o povo pede ajuda, mas sim com sofrimento e humilhação que passam todos os dias, enquanto ficamos presos, confortáveis na nossa individualidade irritante, ficamos nos nossos mundinhos de ficção, de novelas, de “malhação”, de coisas fúteis e a janela para o verdadeiro mundo está fechada, bem fechada.
Precisamos enxergar as coisas como elas realmente são, nos indignar, arregaçar as mangas e começar a agir, e ser um sujeito transformador. Precisamos dizer um NÃO bem GRANDE ao mundo cruel atual, abrir nossas janelas, e entrar de cabeça no mundo real, nas trincheiras de luta que o sistema abriu para a guerra da sobrevivência diária e nelas lutar por um futuro. Que futuro? O nosso futuro.

Um futuro mais florido, cheio de amor e sorrisos, de alimentos saudáveis para todos, de trabalho como dever e não como obrigação, um futuro de humanos livres das amarras dos patrões, um futuro de dignidade para os povos, que valorize a cultura popular, de respeito ao meio ambiente, com educação, lazer, cultura e saúde de qualidade, público e para todos, de solidariedade diária, de companheirismo, de VIDA, de HUMANIDADE, um futuro que nós construiremos enquanto povo, enquanto jovens comprometidos com a mudança da nossa sociedade atual.

Então juventude brasileira, o convite para construir uma nova sociedade está feito, da forma mais dolorosa possível, com o sofrimento do povo, com o nosso sofrimento, mas está feito. E no dia-a-dia, na luta, no sacrifício, com humildade, com companheirismo, servindo como exemplo a todos e todas, de mãos dadas, sem preconceitos, com o camponês, com o operário, com trabalhador, com o desempregado, homem e mulher, branco, negro, índio, homossexual, edificaremos os nossos sonho, os nossos estudos, os nossos trabalhos, as nossas lutas, o nosso mundo, uma sociedade verdadeiramente de todos e todas, com “leves” toques de amor, solidariedade, humildade e respeito.

“E prefiro correr o risco de errar com os pobres do que ter a pretensão de acertar sem eles."
Frei Betto

Juventude que ousa lutar constrói o poder popular.


Erick Feitosa, jovem, estudante, nordestino, brasileiro, com o coração prestes a sair pela boca de indignação e revolta com as históricas injustiças sociais cometidas contra o povo brasileiro diariamente, ou seja, comigo, com meus irmãos, com meus amigos, meus vizinhos, com meus colegas de universidade, com os camponeses, com os sem-terra, os sem-teto, com o povo trabalhador.

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